Vida. Parece que comecei a entender.

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The Milky Way in Infrared || Créditos: E. L. Wright (UCLA), The COBE Project, DIRBE, NASA

Um dia, em janeiro de 2015, eu disse bem baixinho para que somente o universo pudesse ouvir, com aquelas duas enormes orelhas abanantes:

“vai ! Tudo bem. Já que é para ser, que seja fantástico e me surpreenda. ”

E se juntaram estrelas. E constelações e galáxias inteiras.

E meu pedido foi ouvido.

E aconteceu a mágica.

A resiliência é tardiamente recompensada, mas sempre é.

E vieram forças que não sabia que me habitavam. E essas forças trouxeram sentimentos que não me sabia capaz de ter.

E um furacão conspirante me levantou do chão como pluma, e me fez dançar num palco de acaso, montado somente para que eu aprendesse a enxergar a beleza de tudo e de todos. Da dor e do riso. De ser forte e poder fraquejar.

E eu, na plateia e no palco, num desdobramento surrealista, vi a vida como ela deve ser: cheia, completa, densa, leve, triste, injusta, assustadora , carinhosa, surpreendente e amorosa. Porque é tudo ao mesmo tempo agora.

E o ano foi indo, caminhando dia após dia. Trazendo consigo amigos, irmãos de coração, pessoas incrivelmente incríveis , decepções, frustrações, alegrias inexplicáveis, tristezas rasas e, principalmente, a vontade de estar por aqui. A vontade de SER.

A vontade de fazer parte, de conspirar junto. De atender às necessidades dos meus semelhantes. De dar amor, sem esperar contrapartida. De ser gente boa. De ser boa mãe e boa filha.

24 horas após 24 horas, sete dias por semana , aprendi que o que nos adoece é a infelicidade e a eterna insatisfação.

E eu só quero o amor. E só tenho para dar, o amor.

Devo desculpas a Drummond, mas não posso mais me ver em seu verso “quarenta anos e nenhum problema resolvido “.

São 40 anos e todos os problemas resolvidos, porque só agora comecei a entender o que é para ser feito por aqui.

Valeu, universo. Eu amei!!!

Autor: Daniela Mesquita

Nos meus 40 anos, já reformulei a vida por quatro vezes, porque ela me exigiu que fizesse. Agora, em nova fase, vejo que todas as escolhas foram acertadas. Cheguei aqui, bem onde queria. Advogada de carteirinha e tudo, hoje faço o que amo. Cinema. Cineasta por pura falta de vergonha na cara.

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